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Intolerância.doc Dublado
Ano de produção: 2016
Nacionalidade: Brasil
Gênero: Documentário / Novos Filmes
Duração: 1h25min
Direção: Susanna Lira
Elenco: atores desconhecidos
Áudio: Português
SINOPSE :
De acordo com o dicionário Aurélio, intolerante é “aquele que não pode suportar as crenças e as opiniões alheias se divergem das suas”. Por isso, é curioso que o documentário comece com um longo episódio sobre as brigas entre torcidas organizadas no futebol. Trata-se de um caso de violência, é claro, mas não é o exemplo típico de intolerância porque, como um dos ex-líderes da Mancha Verde afirma, não existe nenhuma raiva específica contra o grupo alheio, nem a vontade de extingui-lo. De acordo com os próprios entrevistados, a briga entre a Mancha e a Gaviões ocorre pelo prazer da briga em si, pela necessidade de se afirmar entre seu grupo. A violência adquire uma função social retórica, algo confirmado pelo depoimento de um delegado, afirmando que as vítimas desses assassinatos “não são alvos determinados”.
Intolerância.doc - FotoIntolerância.doc parte da dificuldade ontológica de determinar seu objeto de estudo. O projeto dirigido por Susanna Lira divide sua estrutura em três episódios de ódio: as brigas entre torcidas, as agressões transfóbicas e os ataques de grupos neonazistas a punks. A princípio, não existe problema em colocar os três lado a lado, pois são igualmente merecedores de atenção. Mas ao descrever estes casos como formas equivalentes de intolerância, o filme ignora aspectos essenciais do problema, que se encontram na percepção de suas origens e de suas consequências sociais. Brigas entre gangues rivais e o ataque covarde de fascistas contra transexuais não possuem as mesmas características.
A indefinição ocorre, em parte, porque o tom de urgência impede nuances na reflexão. Não existe preocupação real em inserir os casos num contexto amplo, utilizando-os para compreender o sistema como um todo. A direção demonstra tanta pressa que não interrompe o encadeamento dos exemplos para analisar números, estatísticas, escutar outros lados envolvidos, entender de que modo os conflitos sociais moldam e estimulam os crimes de ódio. Uma delegada traz afirmações muito interessantes, assim como o antigo presidente da Mancha. Infelizmente, estas declarações não encontram eco no discurso do documentário, e logo são abandonadas para o filme avançar ao episódio seguinte.
Intolerância.doc - FotoO imediatismo também gera um desenvolvimento insuficiente nas imagens: ora temos animações muito competentes, e úteis como representação de uma violência presente no imaginário coletivo, ora temos materiais de arquivo desfocados de modo amador, com edição sonora e de fotografia deficiente. Em determinados momentos, a câmera treme como na captação de uma reportagem televisiva ao vivo, mas depois entram depoimentos posados de pais, com luz pouco trabalhada, e em seguida imagens de Internet, YouTube, além de outros recursos que se acumulam sem real preocupação com o agenciamento entre eles.
Intolerância.doc parte de uma preocupação humanitária louvável. No entanto, falta foco ao filme: primeiro, seria necessário compreender o que a direção entende por intolerância (e de que forma ela diverge da violência mais genérica), investigar e fornecer possíveis ideias sobre a causa ou consequência do problema. A constatação é importante, porém insuficiente. Mais limitador ainda é isentar a política governamental desta esfera de atuação, e não citar agressões a negros, imigrantes, indígenas, ou seja, casos frequentes de violência deliberada contra minorias, exemplos que não se restringem ao prazer da agressão coletiva. Existem muitas ideias, muitos temas, porém falta direcionamento e reflexão ao resultado.
Intolerância.doc - FotoIntolerância.doc parte da dificuldade ontológica de determinar seu objeto de estudo. O projeto dirigido por Susanna Lira divide sua estrutura em três episódios de ódio: as brigas entre torcidas, as agressões transfóbicas e os ataques de grupos neonazistas a punks. A princípio, não existe problema em colocar os três lado a lado, pois são igualmente merecedores de atenção. Mas ao descrever estes casos como formas equivalentes de intolerância, o filme ignora aspectos essenciais do problema, que se encontram na percepção de suas origens e de suas consequências sociais. Brigas entre gangues rivais e o ataque covarde de fascistas contra transexuais não possuem as mesmas características.
A indefinição ocorre, em parte, porque o tom de urgência impede nuances na reflexão. Não existe preocupação real em inserir os casos num contexto amplo, utilizando-os para compreender o sistema como um todo. A direção demonstra tanta pressa que não interrompe o encadeamento dos exemplos para analisar números, estatísticas, escutar outros lados envolvidos, entender de que modo os conflitos sociais moldam e estimulam os crimes de ódio. Uma delegada traz afirmações muito interessantes, assim como o antigo presidente da Mancha. Infelizmente, estas declarações não encontram eco no discurso do documentário, e logo são abandonadas para o filme avançar ao episódio seguinte.
Intolerância.doc - FotoO imediatismo também gera um desenvolvimento insuficiente nas imagens: ora temos animações muito competentes, e úteis como representação de uma violência presente no imaginário coletivo, ora temos materiais de arquivo desfocados de modo amador, com edição sonora e de fotografia deficiente. Em determinados momentos, a câmera treme como na captação de uma reportagem televisiva ao vivo, mas depois entram depoimentos posados de pais, com luz pouco trabalhada, e em seguida imagens de Internet, YouTube, além de outros recursos que se acumulam sem real preocupação com o agenciamento entre eles.
Intolerância.doc parte de uma preocupação humanitária louvável. No entanto, falta foco ao filme: primeiro, seria necessário compreender o que a direção entende por intolerância (e de que forma ela diverge da violência mais genérica), investigar e fornecer possíveis ideias sobre a causa ou consequência do problema. A constatação é importante, porém insuficiente. Mais limitador ainda é isentar a política governamental desta esfera de atuação, e não citar agressões a negros, imigrantes, indígenas, ou seja, casos frequentes de violência deliberada contra minorias, exemplos que não se restringem ao prazer da agressão coletiva. Existem muitas ideias, muitos temas, porém falta direcionamento e reflexão ao resultado.
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