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Assistir Eu, Tonya (2017) Online
I, Tonya Dublado
Ano de produção: 2017
Nacionalidade: Eua
Duração: 2h01min
Direção: Craig Gillespie
Elenco: Margot Robbie
Áudio: Português
SINOPSE :
Alguns críticos fazem anotações durante a sessão de um filme - o que é o caso deste que vos escreve. Depois dos dez minutos iniciais de projeção de Eu, Tonya, se tornou um desafio pessoal contar o número de exclamações ao lado do nome de Allison Janney (Beleza Americana). Como LaVona Golden, a mãe da patinadora Tonya Harding (Margot Robbie), o primeiro terço do longa é dela.
Debochada, sarcástica, irônica, egoísta, a personagem sintetiza o delicioso tom dessa inusual cinebiografia. Uma das maiores qualidades do filme do australiano Craig Gillespie (responsável pelo remake de A Hora do Espanto) é não se levar a sério. O que não deixa de ser inusitado, uma vez que o que ele tem nas mãos é um episódio real espinhoso, que arranhou o tão propagado orgulho patriótico norte-americano.
Harding era uma promessa do esporte estadunidense. De origem pobre, ela se destacou em uma modalidade elitista, que tem a "aparência" como um pilar: a patinação artística no gelo. Apesar do inegável talento, ela viu seu nome envolvido em um crime. Às vésperas dos Jogos Olímpicos de Inverno de 1994, sua principal concorrente foi brutalmente atacada, anulada das competições. Tonya, o ex-marido, Jeff Gillooly, e o segurança pessoal dela, Shawn, foram responsabilizados judicialmente pelo atentado.
Na tela, o que se vê é uma sequência de confusões, que tem no pateta-mor da figura do guarda-costas (Paul Walter Hauser, hilário) o líder dos "trapalhões". O texto do roteirista Steven Rogers (Lado a Lado, P.S. Eu Te Amo) se estrutura na forma de falso documentário. Uma boa tática, uma vez que, em se tratando de uma história real com tantas versões divergentes, dá oportunidade a cada um de ter voz própria. Mas que, por vezes, soa um tanto... falsa. Além de ser praticamente impossível se desligar da ideia de que são atores (conhecidos) tentando te enganar, revela a intenção do filme de fazer graça.
A ressalva não diminui a importância do trabalho dos atores - reforçado por uma impecável reconstrução de época pelas equipes de maquiagem, figurino e direção de arte (bem-sucedidos, inclusive, na empreitada de "enfeiar" Robbie, conhecida também pela beleza). No fim das contas, a caracterização funciona para evitar a idealização da personagem (desglamourizada) e a protagonista incorpora um sotaque caipira de forma verossímil como poucas atrizes seriam capazes.
Se tem uma coisa que falta a Tonya é glamour. Um falta muito “bem-vinda”, aliás. Os maus tratos da mãe, desde a fase criança da protagonista, a relação abusiva com o ex-marido (vivido pelo Soldado Invernal Sebastian Stan), desde a adolescência, não apenas oferecem ferramentas para entender (ou especular sobre) as motivações da personagem central, como não poupam o espectador de um tipo de violência muito presente em uma camada social (a gente não disse que a produção era também egoísta?) Trata-se de uma denúncia. Mas conduzida de forma tão distante do lugar comum e de forma tão anedótica, que não raros os momentos em que o público se pega rindo culpado.
A inversão da expectativa é um trunfo da montagem dinâmica, que desafia a audiência a casar narração e ação - quando ambas não se encaixam. O mesmo vale para a inserção da trilha sonora e para as cenas de quebra da quarta parede - aquele momento em que o personagem se dirige diretamente ao espectador. (Não é a “invenção” da roda, mas um uso muito eficiente dela).
Se já não bastasse o selo de "entretenimento garantido" a Eu, Tonya, o filme é capaz de trazer belíssimas sequências (principalmente as que tem lugar no ringue), apoiadas em uma fotografia lavada, condizente com os registros da época retratada. E, na reta final, ainda tecer uma contundente crítica ao culto das celebridades, à ditadura das aparências, à valorização do supérfluo, à "América", enfim. Afinal, dentro da "moral da história", pouco importa se Tonya é ou não culpada. Importa é que a América está sempre em busca de alguém para amar. Ou odiar. E você vai amar LaVona Golden. E odiá-la também.
Debochada, sarcástica, irônica, egoísta, a personagem sintetiza o delicioso tom dessa inusual cinebiografia. Uma das maiores qualidades do filme do australiano Craig Gillespie (responsável pelo remake de A Hora do Espanto) é não se levar a sério. O que não deixa de ser inusitado, uma vez que o que ele tem nas mãos é um episódio real espinhoso, que arranhou o tão propagado orgulho patriótico norte-americano.
Harding era uma promessa do esporte estadunidense. De origem pobre, ela se destacou em uma modalidade elitista, que tem a "aparência" como um pilar: a patinação artística no gelo. Apesar do inegável talento, ela viu seu nome envolvido em um crime. Às vésperas dos Jogos Olímpicos de Inverno de 1994, sua principal concorrente foi brutalmente atacada, anulada das competições. Tonya, o ex-marido, Jeff Gillooly, e o segurança pessoal dela, Shawn, foram responsabilizados judicialmente pelo atentado.
Na tela, o que se vê é uma sequência de confusões, que tem no pateta-mor da figura do guarda-costas (Paul Walter Hauser, hilário) o líder dos "trapalhões". O texto do roteirista Steven Rogers (Lado a Lado, P.S. Eu Te Amo) se estrutura na forma de falso documentário. Uma boa tática, uma vez que, em se tratando de uma história real com tantas versões divergentes, dá oportunidade a cada um de ter voz própria. Mas que, por vezes, soa um tanto... falsa. Além de ser praticamente impossível se desligar da ideia de que são atores (conhecidos) tentando te enganar, revela a intenção do filme de fazer graça.
A ressalva não diminui a importância do trabalho dos atores - reforçado por uma impecável reconstrução de época pelas equipes de maquiagem, figurino e direção de arte (bem-sucedidos, inclusive, na empreitada de "enfeiar" Robbie, conhecida também pela beleza). No fim das contas, a caracterização funciona para evitar a idealização da personagem (desglamourizada) e a protagonista incorpora um sotaque caipira de forma verossímil como poucas atrizes seriam capazes.
Se tem uma coisa que falta a Tonya é glamour. Um falta muito “bem-vinda”, aliás. Os maus tratos da mãe, desde a fase criança da protagonista, a relação abusiva com o ex-marido (vivido pelo Soldado Invernal Sebastian Stan), desde a adolescência, não apenas oferecem ferramentas para entender (ou especular sobre) as motivações da personagem central, como não poupam o espectador de um tipo de violência muito presente em uma camada social (a gente não disse que a produção era também egoísta?) Trata-se de uma denúncia. Mas conduzida de forma tão distante do lugar comum e de forma tão anedótica, que não raros os momentos em que o público se pega rindo culpado.
A inversão da expectativa é um trunfo da montagem dinâmica, que desafia a audiência a casar narração e ação - quando ambas não se encaixam. O mesmo vale para a inserção da trilha sonora e para as cenas de quebra da quarta parede - aquele momento em que o personagem se dirige diretamente ao espectador. (Não é a “invenção” da roda, mas um uso muito eficiente dela).
Se já não bastasse o selo de "entretenimento garantido" a Eu, Tonya, o filme é capaz de trazer belíssimas sequências (principalmente as que tem lugar no ringue), apoiadas em uma fotografia lavada, condizente com os registros da época retratada. E, na reta final, ainda tecer uma contundente crítica ao culto das celebridades, à ditadura das aparências, à valorização do supérfluo, à "América", enfim. Afinal, dentro da "moral da história", pouco importa se Tonya é ou não culpada. Importa é que a América está sempre em busca de alguém para amar. Ou odiar. E você vai amar LaVona Golden. E odiá-la também.
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