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SINOPSE :
A certa altura deste drama alemão, um adolescente e seu pai estão dentro de um carro, na estrada. Eles pretendem chegar a um destino próximo, mas não têm certeza que o combustível seja suficiente. Uma solução seria voltar à cidade anterior e abastecer. A outra, seguir viagem e correr o risco de parar no meio do caminho. “O que prefere fazer?”, pergunta o pai. “Caminho seguro ou caminho arriscado?”. “Arriscado!”, responde o filho. Eles continuam pela estrada. Seria ótimo se o diretor Thomas Arslan também seguisse os conselhos do garoto.
Bright Nights - FotoNo entanto, o cineasta escolhe a abordagem mais segura possível. Os seus personagens são vistos no posicionamento perfeito do enquadramento, com uma luz natural banhando os seus rostos, enquanto dizem frases sucintas, mas funcionais, numa história sobre o luto e as possibilidades de reconciliação. Michael (Georg Friedrich) não vê o filho há anos, e a viagem com Luis (Tristan Göbel) para enterrarem o avô do garoto constitui a oportunidade perfeita para os personagens e para o roteiro promoverem a inevitável aproximação. Eles vão passar por dificuldades, vão se estranhar, brigar, mas no final serão pessoas mais humanas e afetuosas. Isso não é spoiler, apenas a dedução evidente a partir da sinopse.
O resultado é competente, sem dúvida. Os atores estão bem, sem arroubos de genialidade. No entanto, não existem cenas capazes de superar o aspecto genérico do conjunto. A narrativa se desenvolve em ritmo lento, contemplativo, trazendo o que qualquer fã de road movies (ou dramas, ou cinema de modo geral) já viu antes, em dezenas de outros filmes, com alguma tentativa de frescor ou originalidade. Às vezes, é melhor correr riscos e fazer algo incoerente, mesmo um pouco atrapalhado (vide as experimentações de Félicité, também presente na competição do festival de Berlim) do que apostar na cartilha do bom gosto cinematográfico.
Bright Nights - FotoPara dizer que não existe nenhuma cena memorável, existe sim, um fragmento notável de 30 segundos. Michael e Luis param na estrada para observar uma casa pegando fogo. As chamas consomem o imóvel inteiro, furiosas, sem que o espectador saiba de onde veio o incêndio, em que contexto. Existe tensão, surpresa, além de grande beleza na oposição do calor ao frio da paisagem norueguesa. Depois, eles voltam ao carro e continuam a viagem. Bright Nights seria ótimo se tivesse mais incêndios.
Fica a impressão de que o resultado pode ter bom desempenho comercial, dentro e fora do país. Seus conflitos universais e a estética inofensiva garantem a aura de “filme de arte” de fácil exportação a qualquer país com estrutura para receber produções deste porte. É possível vendê-lo como road movie belo, sensível, otimista, o que não seria nenhuma mentira. O espectador que embarcar nesta aventura vai encontrar tudo aquilo que procurava. Mas isso não é necessariamente uma qualidade.
Bright Nights - FotoNo entanto, o cineasta escolhe a abordagem mais segura possível. Os seus personagens são vistos no posicionamento perfeito do enquadramento, com uma luz natural banhando os seus rostos, enquanto dizem frases sucintas, mas funcionais, numa história sobre o luto e as possibilidades de reconciliação. Michael (Georg Friedrich) não vê o filho há anos, e a viagem com Luis (Tristan Göbel) para enterrarem o avô do garoto constitui a oportunidade perfeita para os personagens e para o roteiro promoverem a inevitável aproximação. Eles vão passar por dificuldades, vão se estranhar, brigar, mas no final serão pessoas mais humanas e afetuosas. Isso não é spoiler, apenas a dedução evidente a partir da sinopse.
O resultado é competente, sem dúvida. Os atores estão bem, sem arroubos de genialidade. No entanto, não existem cenas capazes de superar o aspecto genérico do conjunto. A narrativa se desenvolve em ritmo lento, contemplativo, trazendo o que qualquer fã de road movies (ou dramas, ou cinema de modo geral) já viu antes, em dezenas de outros filmes, com alguma tentativa de frescor ou originalidade. Às vezes, é melhor correr riscos e fazer algo incoerente, mesmo um pouco atrapalhado (vide as experimentações de Félicité, também presente na competição do festival de Berlim) do que apostar na cartilha do bom gosto cinematográfico.
Bright Nights - FotoPara dizer que não existe nenhuma cena memorável, existe sim, um fragmento notável de 30 segundos. Michael e Luis param na estrada para observar uma casa pegando fogo. As chamas consomem o imóvel inteiro, furiosas, sem que o espectador saiba de onde veio o incêndio, em que contexto. Existe tensão, surpresa, além de grande beleza na oposição do calor ao frio da paisagem norueguesa. Depois, eles voltam ao carro e continuam a viagem. Bright Nights seria ótimo se tivesse mais incêndios.
Fica a impressão de que o resultado pode ter bom desempenho comercial, dentro e fora do país. Seus conflitos universais e a estética inofensiva garantem a aura de “filme de arte” de fácil exportação a qualquer país com estrutura para receber produções deste porte. É possível vendê-lo como road movie belo, sensível, otimista, o que não seria nenhuma mentira. O espectador que embarcar nesta aventura vai encontrar tudo aquilo que procurava. Mas isso não é necessariamente uma qualidade.
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