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A Família Dionti Dublado
SINOPSE :
Kelton (Murilo Quirino) poderia ser o personagem de alguma animação da Disney. Ele é órfão, apaixona-se pela primeira vista por uma colega da escola, e descobre ter poderes mágicos – no caso, o garoto transpira tanto que começa a derreter. Como nas animações americanas sobre valores da amizade e da família, ele deve aceitar suas limitações para ganhar um amor (da namorada) que compensa, simbolicamente, a perda do outro amor (da mãe).
Esta é uma fábula de passagem à fase adulta, de fundo bastante convencional. O diretor Alan Minas não pretende inovar em linguagem ou discurso, atendo-se aos ensinamentos infantis e às passagens típicas do retrato interiorano, como as brincadeiras ao ar livre, os passeios de bicicleta pela floresta, o contato místico com a natureza. A miséria, que afeta diretamente as famílias do filme, nunca é percebida como barreira ou obstáculo. Vive-se pobre e, por isso mesmo, feliz.
Os melhores momentos de A Família Dionti encontram-se na concessão à fantasia. Com efeitos de montagem simples, a direção transforma um garoto em nuvem, faz um adulto virar flor e tira abelhas da boca de um idoso. A linguagem é eficiente, tratando de literalmente fundir o homem à natureza, o que parece ser o propósito maior deste projeto. É uma pena, no entanto, que tamanha ingenuidade culmine na figura do caipira dócil, um tanto ignorante, mas de fundo bondoso. O filme abraça com um sorriso nos lábios a ideia apolítica que confunde humildade (no caso, pobreza) e bondade.
A produção enfrenta outros problemas para além da ideologia condescendente. O elenco tem dificuldades de encarnar a figura interiorana, tanto pelos sotaques quanto pelos gestos. Os diálogos explicativos não contribuem para a tarefa, muito menos a direção de arte ingênua: acredita-se que, colocando uma rosa no cabelo de uma menina e amarrando fios coloridos à sua bicicleta, ela se transforma numa pequena artista de circo, ou que os chinelos de dedo nos garotos Kelton e Serino bastam para torná-los garotos do campo.
Mesmo com diálogos didáticos, algumas explicações fornecidas pela sinopse ficam pouco claras na narrativa, como o fato de a mãe ter derretido de amor (não se compreende ao certo os motivos dessa transformação), ou a secura do irmão mais velho. É curioso que A Família Dionti se saia tão bem nos momentos fantásticos, mas enfrente dificuldades na hora de transmitir informações em registro realista. Do mesmo modo, algumas reviravoltas são mal exploradas, como a presença de uma funcionária do Conselho Tutelar, ou a passagem cômica de um falso médico (Gero Camilo) pela região.
A produção traz uma boa conclusão, eficaz ao amarrar as pontas soltas do roteiro. De certo modo, isso minimiza a impressão incômoda de uma obra que faz da ingenuidade seu maior orgulho e seu maior defeito: por um lado, sugere-se que as crianças precisam de um pouco mais de magia em suas vidas, por outro lado, afirma-se que este caráter lúdico está associado à “boa pobreza”, ou seja, a miséria material dos ricos de coração.
Esta é uma fábula de passagem à fase adulta, de fundo bastante convencional. O diretor Alan Minas não pretende inovar em linguagem ou discurso, atendo-se aos ensinamentos infantis e às passagens típicas do retrato interiorano, como as brincadeiras ao ar livre, os passeios de bicicleta pela floresta, o contato místico com a natureza. A miséria, que afeta diretamente as famílias do filme, nunca é percebida como barreira ou obstáculo. Vive-se pobre e, por isso mesmo, feliz.
Os melhores momentos de A Família Dionti encontram-se na concessão à fantasia. Com efeitos de montagem simples, a direção transforma um garoto em nuvem, faz um adulto virar flor e tira abelhas da boca de um idoso. A linguagem é eficiente, tratando de literalmente fundir o homem à natureza, o que parece ser o propósito maior deste projeto. É uma pena, no entanto, que tamanha ingenuidade culmine na figura do caipira dócil, um tanto ignorante, mas de fundo bondoso. O filme abraça com um sorriso nos lábios a ideia apolítica que confunde humildade (no caso, pobreza) e bondade.
A produção enfrenta outros problemas para além da ideologia condescendente. O elenco tem dificuldades de encarnar a figura interiorana, tanto pelos sotaques quanto pelos gestos. Os diálogos explicativos não contribuem para a tarefa, muito menos a direção de arte ingênua: acredita-se que, colocando uma rosa no cabelo de uma menina e amarrando fios coloridos à sua bicicleta, ela se transforma numa pequena artista de circo, ou que os chinelos de dedo nos garotos Kelton e Serino bastam para torná-los garotos do campo.
Mesmo com diálogos didáticos, algumas explicações fornecidas pela sinopse ficam pouco claras na narrativa, como o fato de a mãe ter derretido de amor (não se compreende ao certo os motivos dessa transformação), ou a secura do irmão mais velho. É curioso que A Família Dionti se saia tão bem nos momentos fantásticos, mas enfrente dificuldades na hora de transmitir informações em registro realista. Do mesmo modo, algumas reviravoltas são mal exploradas, como a presença de uma funcionária do Conselho Tutelar, ou a passagem cômica de um falso médico (Gero Camilo) pela região.
A produção traz uma boa conclusão, eficaz ao amarrar as pontas soltas do roteiro. De certo modo, isso minimiza a impressão incômoda de uma obra que faz da ingenuidade seu maior orgulho e seu maior defeito: por um lado, sugere-se que as crianças precisam de um pouco mais de magia em suas vidas, por outro lado, afirma-se que este caráter lúdico está associado à “boa pobreza”, ou seja, a miséria material dos ricos de coração.
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