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Les Fausses Confidences Dublado
SINOPSE :
Isabelle Huppert pratica Tai Chi Chuan num terraço em Paris. Não é notícia do site Purepeople, é a primeira cena de As Falsas Confidências. E não é Isabelle Huppert, trata-se de Araminte. Ou Madame, como é chamada pelos outros personagens do filme de Luc Bondy. Aliás, chamar de filme é uma generosidade. O termo mais adequado seria “filmagem criativa de adaptação teatral”. Luc retira a encenação do palco e leva para o foyer, salas, muitas escadas (ascensão social é o que está em disputa), porões e corredores do lendário Teatro Odéon. O texto é um dos clássicos de Marivaux e o elenco já se conhecia de uma montagem da peça em 2014, no mesmo local. Reunidos para uma curta temporada no ano seguinte, aceitaram o desafio de uma desgastante jornada dupla: gravar as sequências do longa durante o dia e subir ao palco à noite. Talvez por estarem no modo piloto automático ou por falta de preparação, os atores não apresentam interpretações pensadas para cinema. Atuam como no teatro, com gestos exagerados, sem se encararem, explicitando pensamentos em voz alta e usando entonações nada sutis. São eficazes, pelo talento que têm, mas não exatamente para o meio em que estão, o que origina um insuperável estranhamento no decorrer da narrativa.
As Falsas Confidências - FotoA trama, que honra o título de "mestre da mentira" atribuído a Marivaux, é um intrincado jogo de interesses e sedução. O jovem, belo, advogado e educado Dorante (Louis Garrel) assume o cargo de secretário da viúva Araminte (Huppert), agenciada por seu tio (Bernard Verley), planejando conquistá-la e abocanhar parte de sua imensa fortuna. Dorante tem como cúmplice o ardiloso criado Dubois (Yves Jacques), e o tio, sem saber de suas ideias, tenta forçar o relacionamento dele com Marton (Manon Combes), assistente da Madame. Marton fica entusiasmada e divide sua atenção entre o recém-chegado e os esforços para juntar a chefe com o Conde Dorimont (Jean-Pierre Malo). É isso e também não é, pois aos poucos discursos vão sendo desmontados, máscaras caem e novas dissimulações vão colando – às vezes não.
As Falsas Confidências - FotoEntre tantas manipulações, o que há de mais firme para o público se apegar é o relacionamento entre os protagonistas Araminte e Dorante. A química entre Huppert e Garrel, testada no incestuoso Minha Mãe, de Christophe Honoré, existe e resiste, ainda que tenha sua força diminuída pelas elipses absurdas. O diretor Bondy, que faleceu em novembro de 2015 deixando este como seu derradeiro trabalho, poderia ser ótimo no teatro, mas não demonstra aqui elogiosas habilidades. A iluminação é descuidada, com luz natural estourando nos exteriores e escuridão nos salões. Os amplos espaços da locação não são explorados da melhor maneira, com personagens sussurrando segredos ao lado da pessoa sobre quem estão falando. Em determinado momento a trupe, inesperadamente, sai do prédio. No entanto, pelo que acontece lá – em uma palavra: sapatada! –, era melhor que Isabelle e cia jamais tivessem chegado ao Jardim de Luxemburgo. Falando nela, é exigência do contrato que todas suas personagens sejam atormentadas por mães controladoras e desequilibradas?
Produzido para a TV, As Falsas Confidências emana preguiça e afetação. Os figurinos são do século XXI, as palavras do século XVIII. Fazendo esteira, Madame Araminte conversa sobre casamento arranjado. Bilhetes ditados são importantes na comunicação. O tempo é único, mas há uma conclusão, despretensiosa como o filme se mostra, nas mãos daquela que é considerada por muitos (e é) a maior atriz francesa da atualidade - de longe o maior atrativo da farsa e a principal razão de seu lançamento nos cinemas brasileiros.
Existem motivos para que gravações de peças de teatro não sejam consideradas filmes. Bondy busca, sem conseguir, encontrar o segredo, o que resulta numa obra inconsistente recomendada apenas aos fãs hardcore dos atores, interessados na montagem que jamais puderam ver ao vivo. Dá para ter uma noção do que foi, usando a imaginação.
As Falsas Confidências - FotoA trama, que honra o título de "mestre da mentira" atribuído a Marivaux, é um intrincado jogo de interesses e sedução. O jovem, belo, advogado e educado Dorante (Louis Garrel) assume o cargo de secretário da viúva Araminte (Huppert), agenciada por seu tio (Bernard Verley), planejando conquistá-la e abocanhar parte de sua imensa fortuna. Dorante tem como cúmplice o ardiloso criado Dubois (Yves Jacques), e o tio, sem saber de suas ideias, tenta forçar o relacionamento dele com Marton (Manon Combes), assistente da Madame. Marton fica entusiasmada e divide sua atenção entre o recém-chegado e os esforços para juntar a chefe com o Conde Dorimont (Jean-Pierre Malo). É isso e também não é, pois aos poucos discursos vão sendo desmontados, máscaras caem e novas dissimulações vão colando – às vezes não.
As Falsas Confidências - FotoEntre tantas manipulações, o que há de mais firme para o público se apegar é o relacionamento entre os protagonistas Araminte e Dorante. A química entre Huppert e Garrel, testada no incestuoso Minha Mãe, de Christophe Honoré, existe e resiste, ainda que tenha sua força diminuída pelas elipses absurdas. O diretor Bondy, que faleceu em novembro de 2015 deixando este como seu derradeiro trabalho, poderia ser ótimo no teatro, mas não demonstra aqui elogiosas habilidades. A iluminação é descuidada, com luz natural estourando nos exteriores e escuridão nos salões. Os amplos espaços da locação não são explorados da melhor maneira, com personagens sussurrando segredos ao lado da pessoa sobre quem estão falando. Em determinado momento a trupe, inesperadamente, sai do prédio. No entanto, pelo que acontece lá – em uma palavra: sapatada! –, era melhor que Isabelle e cia jamais tivessem chegado ao Jardim de Luxemburgo. Falando nela, é exigência do contrato que todas suas personagens sejam atormentadas por mães controladoras e desequilibradas?
Produzido para a TV, As Falsas Confidências emana preguiça e afetação. Os figurinos são do século XXI, as palavras do século XVIII. Fazendo esteira, Madame Araminte conversa sobre casamento arranjado. Bilhetes ditados são importantes na comunicação. O tempo é único, mas há uma conclusão, despretensiosa como o filme se mostra, nas mãos daquela que é considerada por muitos (e é) a maior atriz francesa da atualidade - de longe o maior atrativo da farsa e a principal razão de seu lançamento nos cinemas brasileiros.
Existem motivos para que gravações de peças de teatro não sejam consideradas filmes. Bondy busca, sem conseguir, encontrar o segredo, o que resulta numa obra inconsistente recomendada apenas aos fãs hardcore dos atores, interessados na montagem que jamais puderam ver ao vivo. Dá para ter uma noção do que foi, usando a imaginação.
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