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SINOPSE :
A primeira cena dessa comédia dramática deixa uma forte impressão, para o bem ou para o mal. Paula (Laetitia Dosch) tem uma crise de nervos dentro de um hospital. Ela foi deixada pelo namorado, e se encontra em momento de histeria, falando aos quatro cantos, gritando, chorando, arremessando objetos contra a parede. Seu discurso não faz muito sentido, porém o espectador percebe o essencial: ela é definida, na primeira imagem, como uma figura histriônica, uma mulher abandonada. Ela é representada pela falta de um homem.
Aos poucos, o conteúdo se atenua um pouco. Jovem Mulher pretende mostrar as dificuldades da vida de adulto através de uma mulher que não consegue um trabalho, não tem amigos, vive às brigas com a família e demonstra indiferença ou desprezo por tudo que a cerca. Paula maltrata todos ao redor (a mãe, os amigos da festa), explora a boa vontade alheia (a conhecida do metrô, a nova chefe) e agride desconhecidos (o segurança do shopping), mas fica indignada quando o mundo responde com o mesmo grau de agressividade. A protagonista demonstra muita piedade por si mesma, e o filme embarca na mesma apreciação. De acordo com a diretora Léonor Serraille, Paula seria uma figura irresistível.
Talvez ela seja atraente ao mesmo espectador que também aprecia os retratos de millennials egocêntricos feitos por Judd Apatow e Noah Baumbach. Os personagens destes filmes não têm tempo para pensar em nada além de si mesmos, e os roteiros os descrevem com o carinho de quem adere a este funcionamento individualista e personalizado ao extremo. Ao menos, a ficção cresce cada vez que a câmera se afasta um pouco da personagem principal e investe em retratos mais humanos e amenos através do segurança Ousmane (Souleymane Seye Ndiaye) ou da colega Yuki (Léonie Simaga).
No entanto, a direção aposta no reforço de um traço único: a personalidade histriônica da personagem. O roteiro tem Paula em todas as cenas, enquanto Laetitia Dosch entrega uma atuação tão confortável com a comédia quanto afetada. A câmera não consegue tirar os olhos dela, de seu corpo, seus seios, suas caretas, seus olhos bicolores. Seria curioso ver o que a suavização de alguns elementos produziria ao filme, caso tivéssemos uma atriz mais sutil, ou uma direção com maior distanciamento. Neste caso, estamos no reforço do óbvio, na comédia sublinhada e repetida ao limite da exaustão.
Pelo menos a imagem criada inicialmente, sobre a mulher patética e abandonada, ganha ares mais libertários e progressistas rumo ao final. Jovem Mulher não defende o casamento a qualquer preço, nem impõe um modelo de sucesso único às mulheres. Ele se afasta dos clichês de Paris e busca compreender a obsessão da personagem pelo ex-namorado como uma carência familiar, afinal, o homem mais velho seria uma representação do pai ausente. Apesar da obsessão com o presente, o filme é capaz de olhar para o futuro. Com um olhar condescendente, é claro, mas ainda sim otimista. Já é um começo.
Aos poucos, o conteúdo se atenua um pouco. Jovem Mulher pretende mostrar as dificuldades da vida de adulto através de uma mulher que não consegue um trabalho, não tem amigos, vive às brigas com a família e demonstra indiferença ou desprezo por tudo que a cerca. Paula maltrata todos ao redor (a mãe, os amigos da festa), explora a boa vontade alheia (a conhecida do metrô, a nova chefe) e agride desconhecidos (o segurança do shopping), mas fica indignada quando o mundo responde com o mesmo grau de agressividade. A protagonista demonstra muita piedade por si mesma, e o filme embarca na mesma apreciação. De acordo com a diretora Léonor Serraille, Paula seria uma figura irresistível.
Talvez ela seja atraente ao mesmo espectador que também aprecia os retratos de millennials egocêntricos feitos por Judd Apatow e Noah Baumbach. Os personagens destes filmes não têm tempo para pensar em nada além de si mesmos, e os roteiros os descrevem com o carinho de quem adere a este funcionamento individualista e personalizado ao extremo. Ao menos, a ficção cresce cada vez que a câmera se afasta um pouco da personagem principal e investe em retratos mais humanos e amenos através do segurança Ousmane (Souleymane Seye Ndiaye) ou da colega Yuki (Léonie Simaga).
No entanto, a direção aposta no reforço de um traço único: a personalidade histriônica da personagem. O roteiro tem Paula em todas as cenas, enquanto Laetitia Dosch entrega uma atuação tão confortável com a comédia quanto afetada. A câmera não consegue tirar os olhos dela, de seu corpo, seus seios, suas caretas, seus olhos bicolores. Seria curioso ver o que a suavização de alguns elementos produziria ao filme, caso tivéssemos uma atriz mais sutil, ou uma direção com maior distanciamento. Neste caso, estamos no reforço do óbvio, na comédia sublinhada e repetida ao limite da exaustão.
Pelo menos a imagem criada inicialmente, sobre a mulher patética e abandonada, ganha ares mais libertários e progressistas rumo ao final. Jovem Mulher não defende o casamento a qualquer preço, nem impõe um modelo de sucesso único às mulheres. Ele se afasta dos clichês de Paris e busca compreender a obsessão da personagem pelo ex-namorado como uma carência familiar, afinal, o homem mais velho seria uma representação do pai ausente. Apesar da obsessão com o presente, o filme é capaz de olhar para o futuro. Com um olhar condescendente, é claro, mas ainda sim otimista. Já é um começo.
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