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Assistir A Número Um (2016) Online
Numéro Une Dublado
Ano de produção: 2016
Nacionalidade: França
Duração: 1h50min
Direção: Tonie Marshall
Áudio: Português
SINOPSE :
Este drama francês começa e termina com uma reflexão sobre a morte de mulheres. No início existe um cadáver anônimo, enquanto uma palestrante fala sobre o perigo do feminicídio. Ser mulher, na sociedade contemporânea, implica riscos, e querer ascender socialmente como mulher acarreta riscos ainda maiores – letais, inclusive. A Número Um se dedica a destrinchar o mecanismo selvagem criado por homens brancos para se manterem no poder.
Para comprovar sua tese, a diretora Tonie Marshall utiliza o exemplo de Emmanuelle Blachey (Emmanuelle Devos), uma bem-sucedida empresária que concorre à presidência de uma das maiores empresas da França. Seus parceiros masculinos acreditam numa merecida promoção, mas jamais lhe concederiam a presidência de uma instituição tão poderosa. Seguem-se então diversos tipos de machismo: o discurso sexual de seu principal concorrente ao cargo (Richard Berry), o tom passivo-agressivo do marido (John Lynch), para quem Emmanuelle deveria pensar sobretudo no casamento, e o raciocínio hipócrita do pai (Sami Frey), um tipo mulherengo que critica a ambição da filha pelo poder, sem enxergar a ambição masculina do mesmo modo.
O roteiro de A Número Um assume um tom alarmista, visando sublinhar ao público a pressão física e psicológica sofrida diariamente por mulheres. Em alguns momentos, seu discurso é didático demais – as cenas em conjunto, quando os homens ostentam verbalmente um machismo que talvez fizesse mais sentido quando velado -, mas em outros momentos, a discussão se torna complexa, a exemplo dos encontros entre Emmanuelle e o pai. Nestes casos, o afeto se mistura à evidente discordância sobre os papéis sociais. A cineasta consegue retratar não apenas a diferença de gêneros, mas também o conflito de gerações e o peso da família patriarcal, dois elementos essenciais para compreender o machismo contemporâneo.
No papel principal, Emmanuelle Devos mostra porque é uma das melhores atrizes de sua geração. Podendo facilmente transformar sua personagem em heroína ou mártir, ela prefere uma composição mínima, tendo ciência de que os diálogos e os acontecimentos já são fortes o suficiente. Sua composição se torna ainda mais adequada diante das atuações cínicas de Richard Berry e Benjamin Biolay. Devos não recorre à sedução pelo olhar, pelos gestos, nem às inflexões dramáticas dos diálogos, mantendo-se num nível de estoicismo perfeito ao tom do projeto. Enquanto filma a sua heroína, Marshall trabalha muito bem o ambiente padronizado das salas de reunião, dos almoços de negócio, dos arranha-céus modernos. É uma pena que a montagem não consiga imprimir tensão através da articulação dos planos e da trilha sonora, dependendo demais dos diálogos para imprimir a noção de perigo.
Talvez o roteiro seja um dos aspectos mais questionáveis de A Número Um, por sugerir diversas reviravoltas sem trabalhá-las até o fim. A narrativa indica uma ameaça grave à filha de Véra (Suzanne Clément), um problema sério na carreira de Gary (John Lynch), mas depois de lançados, os conflitos são esquecidos pela trama. O que interessa ao filme é citar a existência de ameaças, porém só poderíamos compreender seu peso diante do retrato das consequências. Além disso, a diretora dedica tempo excessivo a ilustrar a fluência de Emmanuelle no chinês, como se precisasse comprovar ao público (masculino?) que a protagonista é, sim, muito boa no que faz, e não concorre ao cargo importante apenas por ser mulher. Aliás, a empresária se sente pouco confortável explorando a posição de “minoria”, e jamais se considera uma feminista. Ela seria um exemplo à revelia.
No final, talvez estas questões importem pouco ao filme como um todo. A mensagem sobre a difícil vida das mulheres está lançada, mesmo que o projeto não consiga desenvolver a ideia inicial a respeito dos obstáculos impostos às mulheres: sua tese é idêntica à sua conclusão. A óbvia música "Woman’s World", sobreposta à imagem de uma garotinha – o “futuro da nação” - coroa um projeto de ótimas intenções, porém menos complexo do que seu tema exigiria.
Para comprovar sua tese, a diretora Tonie Marshall utiliza o exemplo de Emmanuelle Blachey (Emmanuelle Devos), uma bem-sucedida empresária que concorre à presidência de uma das maiores empresas da França. Seus parceiros masculinos acreditam numa merecida promoção, mas jamais lhe concederiam a presidência de uma instituição tão poderosa. Seguem-se então diversos tipos de machismo: o discurso sexual de seu principal concorrente ao cargo (Richard Berry), o tom passivo-agressivo do marido (John Lynch), para quem Emmanuelle deveria pensar sobretudo no casamento, e o raciocínio hipócrita do pai (Sami Frey), um tipo mulherengo que critica a ambição da filha pelo poder, sem enxergar a ambição masculina do mesmo modo.
O roteiro de A Número Um assume um tom alarmista, visando sublinhar ao público a pressão física e psicológica sofrida diariamente por mulheres. Em alguns momentos, seu discurso é didático demais – as cenas em conjunto, quando os homens ostentam verbalmente um machismo que talvez fizesse mais sentido quando velado -, mas em outros momentos, a discussão se torna complexa, a exemplo dos encontros entre Emmanuelle e o pai. Nestes casos, o afeto se mistura à evidente discordância sobre os papéis sociais. A cineasta consegue retratar não apenas a diferença de gêneros, mas também o conflito de gerações e o peso da família patriarcal, dois elementos essenciais para compreender o machismo contemporâneo.
No papel principal, Emmanuelle Devos mostra porque é uma das melhores atrizes de sua geração. Podendo facilmente transformar sua personagem em heroína ou mártir, ela prefere uma composição mínima, tendo ciência de que os diálogos e os acontecimentos já são fortes o suficiente. Sua composição se torna ainda mais adequada diante das atuações cínicas de Richard Berry e Benjamin Biolay. Devos não recorre à sedução pelo olhar, pelos gestos, nem às inflexões dramáticas dos diálogos, mantendo-se num nível de estoicismo perfeito ao tom do projeto. Enquanto filma a sua heroína, Marshall trabalha muito bem o ambiente padronizado das salas de reunião, dos almoços de negócio, dos arranha-céus modernos. É uma pena que a montagem não consiga imprimir tensão através da articulação dos planos e da trilha sonora, dependendo demais dos diálogos para imprimir a noção de perigo.
Talvez o roteiro seja um dos aspectos mais questionáveis de A Número Um, por sugerir diversas reviravoltas sem trabalhá-las até o fim. A narrativa indica uma ameaça grave à filha de Véra (Suzanne Clément), um problema sério na carreira de Gary (John Lynch), mas depois de lançados, os conflitos são esquecidos pela trama. O que interessa ao filme é citar a existência de ameaças, porém só poderíamos compreender seu peso diante do retrato das consequências. Além disso, a diretora dedica tempo excessivo a ilustrar a fluência de Emmanuelle no chinês, como se precisasse comprovar ao público (masculino?) que a protagonista é, sim, muito boa no que faz, e não concorre ao cargo importante apenas por ser mulher. Aliás, a empresária se sente pouco confortável explorando a posição de “minoria”, e jamais se considera uma feminista. Ela seria um exemplo à revelia.
No final, talvez estas questões importem pouco ao filme como um todo. A mensagem sobre a difícil vida das mulheres está lançada, mesmo que o projeto não consiga desenvolver a ideia inicial a respeito dos obstáculos impostos às mulheres: sua tese é idêntica à sua conclusão. A óbvia música "Woman’s World", sobreposta à imagem de uma garotinha – o “futuro da nação” - coroa um projeto de ótimas intenções, porém menos complexo do que seu tema exigiria.
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