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Las Herederas Dublado
Ano de produção: 2018
Gênero: Drama / Novos Filmes
Duração: 1h35min
Direção: Marcelo Martinessi
Áudio: Português
SINOPSE :
Esta coprodução majoritariamente paraguaia se passa num mundo exclusivo de mulheres. A história alterna entre noites de karaokê para as amigas, jogos de cartas entre senhoras ricas, prisões femininas, táxis femininos, hospitais com alas para mulheres. Os raros homens, quando aparecem, ficam no fundo do quadro, desfocados, sem diálogos nem conflitos. Neste universo de figuras de classe média-alta e idade avançada, o diretor Marcelo Martinessi decide se focar na mais misteriosa delas, Chela (Ana Brun).
Chela é uma mulher de poucas vontades. Ela leva uma vida de ócio, pintando quadros nunca terminados e esperando que as empregadas domésticas arrumem a bandeja de seu café da manhã na ordem explicada por ela. Chela possui a boca sempre entreaberta e olhos arregalados de quem presta atenção a tudo, mas não necessariamente compreende o que se passa ao redor. Ela é lésbica, embora manifeste discretamente a sua sexualidade. Apesar de conviver com a esposa Chiquita (Margarita Irún) há décadas, o casal não demonstra a menor intimidade quando está junto. Não por acaso, o apelido da protagonista é “Poupée”, ou “boneca”: bela, sorridente, inerte.
É curiosa a escolha de se focar na trajetória desta mulher, ao invés de suas colegas e vizinhas. Martinessi acredita tanto no trabalho de sua atriz principal que fecha os enquadramentos em scope em seu rosto resignado, seguindo a linha de um cinema latino-americano recente que acredita nos dramas silenciosos das mulheres de meia-idade (Gloria, A Mulher Sem Cabeça, A Noiva do Deserto). Brun tenta abordar as transformações sutis de sua personagem em uma progressão minúscula, passando da inércia total aos mínimos gestos e sorrisos. No entanto, de modo geral, Chela é dessas mulheres que só dizem sim: ela não fuma, mas quando lhe dizem para fumar, obedece. Ela não usa óculos escuros nem bebe, mas passa a fazê-lo após pedido das amigas. Ela jamais pensou em trabalhar como taxista, mas quando as vizinhas endinheiradas pedem caronas constantes e passam a pagá-la, Chela aceita.
Las Herederas aposta numa estética lânguida e crepuscular. Mesmo ornado com grandes janelas e portas, o casarão onde vive a personagem é escuro, triste, envelhecido. Os planos longos se focam nas frestas das portas, nos restos de prataria enfileirada sobre a mesa, esperando por uma compradora. A câmera prefere se focar na marca de sujeira deixada por um quadro na parede do que no quadro em si: estamos no terreno da representação pela ausência. Por isso, quando Chiquita é presa por fraude fiscal – curiosamente, a mulher vai para a prisão com a felicidade de quem parte a uma colônia de férias – nossa solitária protagonista se torna ainda mais sozinha. Não é Chela quem vai conversar com advogados e tomar providências, é claro. São as amigas que cuidam dos procedimentos.
Em oposição à passividade da protagonista, as figuras femininas ao seu redor são agressivas, vorazes: a rica Pituca (María Martins) mexe freneticamente no colar de ouro, fazendo barulho a quem queira ouvir, a sedutora Angy (Ana Ivanova) compartilha detalhes de sua vida sexual sem que ninguém lhe tenha perguntado. Talvez o filme tenha se focado na personagem menos acessível deste mosaico decadente das classes abastadas paraguaias. No entanto, Martinessi se interessa acima de tudo ao contraste entre o silêncio profundo de Chela e a presença ostensiva das mulheres ao redor. As coadjuvantes foram feitas sob medida para ela, na intenção de sacudi-la e tirá-la do marasmo. Esta pode ser uma disposição acessória, dentro de um roteiro que evita se aprofundar no retrato da homossexualidade, da desigualdade social e da libertação feminina. Las Herederas acredita tanto no poder das sugestões que permanece neste estágio de construção e de significado.
Chela é uma mulher de poucas vontades. Ela leva uma vida de ócio, pintando quadros nunca terminados e esperando que as empregadas domésticas arrumem a bandeja de seu café da manhã na ordem explicada por ela. Chela possui a boca sempre entreaberta e olhos arregalados de quem presta atenção a tudo, mas não necessariamente compreende o que se passa ao redor. Ela é lésbica, embora manifeste discretamente a sua sexualidade. Apesar de conviver com a esposa Chiquita (Margarita Irún) há décadas, o casal não demonstra a menor intimidade quando está junto. Não por acaso, o apelido da protagonista é “Poupée”, ou “boneca”: bela, sorridente, inerte.
É curiosa a escolha de se focar na trajetória desta mulher, ao invés de suas colegas e vizinhas. Martinessi acredita tanto no trabalho de sua atriz principal que fecha os enquadramentos em scope em seu rosto resignado, seguindo a linha de um cinema latino-americano recente que acredita nos dramas silenciosos das mulheres de meia-idade (Gloria, A Mulher Sem Cabeça, A Noiva do Deserto). Brun tenta abordar as transformações sutis de sua personagem em uma progressão minúscula, passando da inércia total aos mínimos gestos e sorrisos. No entanto, de modo geral, Chela é dessas mulheres que só dizem sim: ela não fuma, mas quando lhe dizem para fumar, obedece. Ela não usa óculos escuros nem bebe, mas passa a fazê-lo após pedido das amigas. Ela jamais pensou em trabalhar como taxista, mas quando as vizinhas endinheiradas pedem caronas constantes e passam a pagá-la, Chela aceita.
Las Herederas aposta numa estética lânguida e crepuscular. Mesmo ornado com grandes janelas e portas, o casarão onde vive a personagem é escuro, triste, envelhecido. Os planos longos se focam nas frestas das portas, nos restos de prataria enfileirada sobre a mesa, esperando por uma compradora. A câmera prefere se focar na marca de sujeira deixada por um quadro na parede do que no quadro em si: estamos no terreno da representação pela ausência. Por isso, quando Chiquita é presa por fraude fiscal – curiosamente, a mulher vai para a prisão com a felicidade de quem parte a uma colônia de férias – nossa solitária protagonista se torna ainda mais sozinha. Não é Chela quem vai conversar com advogados e tomar providências, é claro. São as amigas que cuidam dos procedimentos.
Em oposição à passividade da protagonista, as figuras femininas ao seu redor são agressivas, vorazes: a rica Pituca (María Martins) mexe freneticamente no colar de ouro, fazendo barulho a quem queira ouvir, a sedutora Angy (Ana Ivanova) compartilha detalhes de sua vida sexual sem que ninguém lhe tenha perguntado. Talvez o filme tenha se focado na personagem menos acessível deste mosaico decadente das classes abastadas paraguaias. No entanto, Martinessi se interessa acima de tudo ao contraste entre o silêncio profundo de Chela e a presença ostensiva das mulheres ao redor. As coadjuvantes foram feitas sob medida para ela, na intenção de sacudi-la e tirá-la do marasmo. Esta pode ser uma disposição acessória, dentro de um roteiro que evita se aprofundar no retrato da homossexualidade, da desigualdade social e da libertação feminina. Las Herederas acredita tanto no poder das sugestões que permanece neste estágio de construção e de significado.
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