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Construindo Pontes Dublado
Ano de produção: 2016
Nacionalidade: Brasil
Gênero: Documentário
Duração: 1h12min
Direção: Heloisa Passos
Elenco: Heloisa Passos
Áudio: Português
SINOPSE :
Volta e meia, num circuito de festivais, você se depara com um documentário que o/a cineasta fez sobre seus pais, familiares ou amigos. Embora haja casos de obras extraordinárias, como Elena, de Petra Costa, na maioria das vezes fica a impressão de que aquela história era algo muito pessoal, que por mais que possa ser interessante não disperta muito sentimento do público em geral.
Construindo Pontes acompanha as relação entre um pai e sua filha, a partir dos olhos dela (a diretora Heloisa Passos). Vemos imagens de arquivo da família e conferimos debates acalorados sobre algumas questões. Em tese, seria uma obra que só interessaria o círculo próximo à diretora. Acontece, que a obra está sendo lançada e absorvida em um período específico da vida política e social do Brasil, em que as posições estão muito polarizadas. Assim, é muito fácil se identificar com a relação presente em cena.
O pai de Heloisa é um engenheiro aposentado que participou de importantes obras no período do regime militar, o qual chama de revolução. Ela, por sua vez, é uma mulher de esquerda que enxergava a ditadura pelos olhos dos torturados e não pelas obras de infraestrutura. Ele defende Sérgio Moro, ela acredita numa Lava Jato parcial, que só tenta impedir a candidatura de Lula em 2018. E por aí vai.
Não é difícil se identificar com essa dinâmica. Quem aí não tem um parente de esquerda ou de direita que muitas vezes é impossível conversar? O que fica do filme é que por mais que tais debates sejam importantes, também não é possível deixar de lado que pode haver amor nos tempos de cólera. A relação entre pai e filha, por mais que instável, é mais importante que Moro e Lula. Ainda que num contato combativo e pouco natural, há de se valorizar os momentos de breve intimidade compartilhados por eles. E as semelhanças, como o jeito de nadar ou o talento para o ping pong.
Passos demonstra criatividade ao construir a dinâmica com o pai ao mesmo tempo em que confronta o progresso da construção de Itaipu, que acabou com a beleza natural das Sete Quedas. Ao mesmo tempo, se prova corajosa ao expor sua família, em especial o pai, que por vezes pode parecer uma pessoa realmente incomunicável, especialmente quando releva o impacto violento do período militar na vida de muitas pessoas.
O filme tem seu maior valor nos momentos de afeto ou intimidade, contando até com momento engraçados, com o pai meio que sem saber como se portar diante da câmera ou a mãe dizendo que ia comer alguma coisa quando os dois começam a discutir política.
Embora a pessoalidade da história seja parte importante do que dá certo na obra, é preciso reconhecer que por alguns momentos a diretora não consegue passar uma naturalidade ao espectador. Em certas cenas, parece claro que ela não está falando apenas com o pai, mas também com a câmera. Passos também comete o erro de ser explicativa demais, utilizando-se da narração para repetir muitas das impressões que já estavam claras ao público. A narração não precisa dizer que ela e o pai possuem postura diferentes. Isso está transparente nas imagens.
Debatendo a própria produção documental, a diretora se conforma em não encontrar um momento de epifania, mas ele acaba vindo mesmo assim. Ao final de Construindo Pontes, o que fica é o afeto.
Construindo Pontes acompanha as relação entre um pai e sua filha, a partir dos olhos dela (a diretora Heloisa Passos). Vemos imagens de arquivo da família e conferimos debates acalorados sobre algumas questões. Em tese, seria uma obra que só interessaria o círculo próximo à diretora. Acontece, que a obra está sendo lançada e absorvida em um período específico da vida política e social do Brasil, em que as posições estão muito polarizadas. Assim, é muito fácil se identificar com a relação presente em cena.
O pai de Heloisa é um engenheiro aposentado que participou de importantes obras no período do regime militar, o qual chama de revolução. Ela, por sua vez, é uma mulher de esquerda que enxergava a ditadura pelos olhos dos torturados e não pelas obras de infraestrutura. Ele defende Sérgio Moro, ela acredita numa Lava Jato parcial, que só tenta impedir a candidatura de Lula em 2018. E por aí vai.
Não é difícil se identificar com essa dinâmica. Quem aí não tem um parente de esquerda ou de direita que muitas vezes é impossível conversar? O que fica do filme é que por mais que tais debates sejam importantes, também não é possível deixar de lado que pode haver amor nos tempos de cólera. A relação entre pai e filha, por mais que instável, é mais importante que Moro e Lula. Ainda que num contato combativo e pouco natural, há de se valorizar os momentos de breve intimidade compartilhados por eles. E as semelhanças, como o jeito de nadar ou o talento para o ping pong.
Passos demonstra criatividade ao construir a dinâmica com o pai ao mesmo tempo em que confronta o progresso da construção de Itaipu, que acabou com a beleza natural das Sete Quedas. Ao mesmo tempo, se prova corajosa ao expor sua família, em especial o pai, que por vezes pode parecer uma pessoa realmente incomunicável, especialmente quando releva o impacto violento do período militar na vida de muitas pessoas.
O filme tem seu maior valor nos momentos de afeto ou intimidade, contando até com momento engraçados, com o pai meio que sem saber como se portar diante da câmera ou a mãe dizendo que ia comer alguma coisa quando os dois começam a discutir política.
Embora a pessoalidade da história seja parte importante do que dá certo na obra, é preciso reconhecer que por alguns momentos a diretora não consegue passar uma naturalidade ao espectador. Em certas cenas, parece claro que ela não está falando apenas com o pai, mas também com a câmera. Passos também comete o erro de ser explicativa demais, utilizando-se da narração para repetir muitas das impressões que já estavam claras ao público. A narração não precisa dizer que ela e o pai possuem postura diferentes. Isso está transparente nas imagens.
Debatendo a própria produção documental, a diretora se conforma em não encontrar um momento de epifania, mas ele acaba vindo mesmo assim. Ao final de Construindo Pontes, o que fica é o afeto.
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